Pesquisa e produção científica
A Reserva Natural Vale (RNV) é um centro de conhecimento científico que há décadas congrega pesquisadores de
vários campos, os quais desenvolvem, em seus 23 mil hectares, estudos importantes para a conservação da
biodiversidade no país. Para apoiar alguns destes estudos, o local abriga uma ampla coleção entomológica, com
diversas espécies de insetos, e um herbário, com coleções de plantas.
Saiba mais sobre estes espaços e como submeter novos projetos de pesquisa.
Coleção entomológica
Esta coleção encontra-se disponível para receber pesquisadores e demais interessados em desenvolver estudos
a partir deste acervo. Os dados da coleção estão sendo digitalizados e em breve estarão disponíveis online
por meio da rede speciesLink
Herbário
Os dados referentes as exsicatas estão disponíveis online através das plataformas do speciesLink, SiBBr, Reflora,
INCT – Herbário Virtual da Flora e dos Fungos e e GBIF (Sistema Global de Informação sobre a
Biodiversidade).
As coleções científicas da Reserva Natural Vale possuem em seu acervo uma ampla diversidade de
espécies, incluindo raras e ameaçadas de extinção. Entre as amostras de plantas preservadas no Herbário,
destaca-se a árvore chamada Jueirana-facão (Dinizia jueirana-facao), espécie rara e ameaçada, de
ocorrência exclusiva na Floresta Atlântica de Tabuleiro do Espírito Santo. A árvore pode chegar a 40
metros de altura e pesar cerca de 62 toneladas.
Em relação a Coleção Entomológica, um dos exemplares existentes no acervo também considerado como
ameaçado é a formiga Dinoponera lucida, popularmente conhecida como Tocandira. Esta espécie é endêmica
da Mata Atlântica. A Tocandira chama atenção pelo seu tamanho: a formiga pode chegar até 4 cm de
comprimento.
A presença desses exemplares em nosso acervo reforça a importância das coleções
científicas como um banco de dados para o desenvolvimento de pesquisas estratégicas visando a conservação da
biodiversidade.
Meliponário
A Reserva Natural Vale possui uma coleção de colmeias de abelhas de diferentes espécies. Ela funciona
como importante ferramenta ambiental, pois as abelhas, ameaçadas de extinção, têm participação direta na
reprodução da maioria das espécies botânicas brasileiras e são um importante bioindicador para a análise
da qualidade do ambiente. Conheça mais sobre as espécies abaixo.
- Abelha Mosquitinho
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Mosquitinho (Pebleia droryana):
Também é conhecida como Inhati e Mirim-guaçú, e pode ser encontrada nos estados da Bahia, Espírito
Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Essa abelha é mansa e bastante pequena,
possuindo apenas cerca de 3 milímetros de comprimento. Seus ninhos são comumente encontrados em ocos
de árvores e barrancos. Estima-se que as colônias dessas abelhas possam apresentar de 2.000 a 3.000
indivíduos.
- Abelha Jataí
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Jataí (Tetragonisca angustula):
Espécie de abelha sem ferrão encontrada em todas as regiões do Brasil. Possui corpo pequeno, com
cerca de 4 milímetros de comprimento. Seus ninhos são construídos em cavidades preexistentes, como
buracos nas paredes, ocos de árvores e barrancos. Na entrada dos ninhos é comum observar uma
estrutura semelhante a um tubo, construído a partir de cera ou cerume. Esta estrutura contribui para
a proteção da colônia. O mel das abelhas Jataí tem vários benefícios medicinais e é considerado o
mel mais higiênico, comparado ao produzido por outras espécies de abelhas. Além disso, é amplamente
utilizado na medicina popular.
- Uruçu-amarela
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Uruçu-amarela (Melipona mondury):
Comumente encontrada em fragmentos de Mata Atlântica dos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Esta abelha apresenta um maior tamanho
corporal comparada a Mosquitinho e Jataí, variando entre 10 e 12 milímetros de comprimento. Seus
ninhos são construídos em ocos de árvores e apresentam uma entrada típica, sendo ela toda circundada
por raias de barro. Essa entrada, que dá passagem para as abelhas, é guardada por uma única
operária.
Conheça outros espaços e projetos
Coleções botânicas
Coleção Vidas da Mata Atlântica
A Reserva possui uma série de espaços dedicados a preservação da flora local, sendo vários deles acessíveis pelos visitantes. Confira abaixo mais informações sobre alguns espaços.
- Arboreto Urbanístico
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Um arboreto é uma área destinada ao cultivo de plantas arbóreas, arbustivas ou herbáceas, devidamente identificadas, catalogadas e ordenadas espacialmente, mantidas com diferentes propósitos, sobretudo científico. Podem ser cultivadas plantas de interesse medicinal, paisagístico e silvicultural.
O Arboreto Urbanístico é um modelo de “vitrine a céu aberto”, com árvores nativas e exóticas a nível nacional, e estão plantadas um total de 185 espécies. Com 4 indivíduos por conjunto em parcelas, o espaçamento entre elas é de 10 x 10 metros, seguindo alguns critérios para melhor adequação das árvores como o diâmetro das copas e raízes.
Entre os objetivos do espaço estão: contemplação, educação ambiental, pesquisa, material didático e obtenção de propágulos (ex. sementes) - visando a multiplicação ou reprodução das plantas, assim como acompanhar o comportamento das espécies em mesma condição de luz, avaliando suas copas, raízes, sanidade e as suas fenologias através das flores e frutos presentes.
Faça o download da listagem de espécies
- Arboreto
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O Arboreto é muito semelhante ao Arboreto Urbanístico - local onde são plantadas espécies nativas e exóticas a nível nacional de acordo com uma metodologia pertinente para melhor adequação as condições favoráveis das espécies.
Portanto, esta área é maior e possui cerca de 330 espécies com 10 exemplares em conjunto, com espaço de 5 metros entre as parcela. As primeiras espécies foram plantadas na década de 80.
O objetivo principal desta coleção é acompanhar o comportamento das espécies em mesma condição de luz, avaliando suas copas, raízes, sanidade e as suas fenologias (flores e frutos).
Faça o download da listagem de espécies
- Palmeto
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O Palmeto é uma coleção de palmeiras que contemplam cerca de 144 espécies. Além dos aspectos culturais e de harmonização paisagística, o objetivo é caracterizar a performance de cada espécie nas condições locais e, com isso, incentivar seu uso de maneira ampla em projetos diversos e fortalecer o banco de sementes para propagação. As palmeiras estão entre as plantas mais antigas do planeta e sua origem remonta há mais de 120 milhões de anos, sendo plantas características da flora tropical.
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- Pomar
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Os pomares da Reserva Natural Vale possuem cerca de 105 espécies de diversas regiões do mundo. Além das mais habituais, que normalmente encontramos nos mercados, possuímos várias que não são muito conhecidas, porém muito gostosas e nutritivas. A família Myrtaceae é um exemplo das mais conhecidas: goiabas, jabuticabas, pitangas e araçás.
Faça o download da listagem de espécies
Os animais que habitam a Reserva são muito espertos e costumam se esconder ao perceber a nossa presença. Pensando nisso, a Reserva criou a Coleção Vidas da Mata Atlântica, para divulgar a fauna protegida no local. A coleção com 15 exemplares é formada por réplicas em tamanho real de mamíferos, aves e répteis. Saiba mais sobre os animais abaixo.
- Anta (Tapirus terrestris)
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É o maior mamífero terrestre do Brasil, pode chegar a pesar 300 Kg e 2 metros de comprimento, sendo o focinho em forma de tromba uma característica muito marcante.
Nos adultos sua pelagem curta é marrom-escuro, já os filhotes possuem pelagem mais clara e com listras e pintas brancas. Sua gestação dura de 13 a 14 meses e geram apenas um filhote por prole e este fica com a mãe por mais de 1 ano.
Alimentam-se de plantas terrícolas e aquáticas, realizando importante papel ecológico como dispersora de sementes.
- Quati (Nasua nasua)
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É um mamífero com hábitos diurnos, vivem em grupos de até 30 indivíduos. Podem pesar de 3 a 11 kg medindo de 40 a 70 cm de comprimento.
Possui focinho fino e alongado, a cauda é alongada, tendo como característica cerca de oito anéis claros, alternados com outros escuros. Sua pelagem varia de amarelo à marrom escuro.
Alimenta-se de plantas e pequenos animais como roedores, aves, répteis, insetos além de também se alimentarem de frutos.
- Veado (Mazama americana)
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Apresentam peso médio de 20 a 45 kg e tamanho de até 65cm de altura. A diferença entre macho e fêmea é a presença de chifres simples, sem ramificações, nos machos.
Espécie de habito florestal alimentam-se de frutos, folhas, flores e fungos. Possuem hábitos de vida noturnos, terrícolas e são bons nadadores. As principais ameaças a este animal são a caça, atropelamentos, doenças transmitidas pelo gado e a perda de habitat.
- Bugio (Alouatta guariba)
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São animais que comem somente folhas, folívoros comportamentais, tendo a necessidade de descansar uma grande parte do dia, facilitando assim a digestão. Vivem em grandes grupos normalmente com um macho dominante. Seu peso médio varia entre 5 e 7kg na fase adulta. Vocaliza através de rugidos e latidos que podem ser ouvidos a centenas de metros de distância.
- Jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris)
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São animais de hábitos noturnos e passam a maior parte do dia tomando sol. Sua cor é esverdeada com o ventre amarelado, o focinho largo e achatado. Pode medir até 3 metros de comprimento e viver até 50 anos.
Sua dieta incluí invertebrados, principalmente na fase inicial da vida, e vertebrados na fase adulta. São animais oportunistas e podem comer caramujos, aves, mamíferos pequenos. A destruição dos habitats e a caça predatória tem sido responsável pelo declínio de suas populações.
- Tatu-canastra (Priodontes maximus)
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É o maior tatu existente no mundo, podendo chegar a 1,5 metros de comprimento e até 60 kg. Possui dieta insetívora, alimenta-se de cupins e formigas.
É reconhecido como “engenheiro do ecossistema” pois através de suas escavações, altera o ambiente físico e cria novos habitats para outros vertebrados. Possui hábitos noturnos e passam parte do tempo abaixo do solo, o que dificulta sua visualização e estudo, sendo um dos mamíferos de grande porte menos conhecidos do Brasil.
- Paca (Cuniculus paca)
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É um roedor de hábitos solitários. Possui um tamanho médio de 80 cm de comprimento, pesa aproximadamente 12 kg, vive em média 16 anos.
Os dentes frontais crescem permanentemente e o animal os desgasta roendo madeira ou objetos duros. Sua alimentação é a base de frutas, sendo considerada dispersora de sementes, exercendo importante pape na renovação da floresta.
- Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)
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Mamífero, solitário, porte médio, 87 e 110 cm e pode pesar até 7 kg. Podem abrigar-se em ocos de árvores e até em tocas abandonadas de tatus. Apresenta no dorso um desenho semelhante a um colete preto, sendo também conhecido por tamanduá-de-colete.
O focinho é longo e os olhos muito pequenos, não enxergando bem. Alimentam-se principalmente de formigas, cupins e abelhas, utilizando as garras fortes para fazer buracos no cupinzeiro e com a língua captura os insetos. Caça, atropelamentos em rodovias e a transformação das paisagens naturais são ameaças a população dos tamanduás.
- Preguiça-comum (Bradypus variegatus)
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São animais de porte médio. Possui membros compridos, com três dedos, corpo curto, cauda curta e grossa, cabeça pequena e redonda; orelhas não visíveis, faixa preta em torno dos olhos, além de um leve "sorriso" e um focinho preto.
São consideradas animais solitários, cuja interação social se restringe à associação mãe-filhote que ocorre durante os primeiros meses de vida. Possui dieta baseada em folhas, preferindo árvores de copa alta para poder se expor ao sol, também podem ser vistos em arbustos expostos. No solo, são lentas, porém podem nadar muito bem.
- Onça-pintada (Panthera onca)
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É o maior felino das Américas, podendo chegar a 135 kg. Possui pelagem amarelo-dourado com pintas pretas na cabeça, pescoço e patas. Nos ombros e costas tem pintas formando rosetas que têm, no seu interior, um ou mais pontos.
Se alimenta principalmente de mamíferos de médio e grande porte, sendo os porcos-do-mato, os veados, as capivaras, as pacas, os tatus e os quatis as presas mais consumidas. Por estar no topo da cadeia alimentar e necessitar de grandes áreas preservadas para sobreviver, é um indicador de qualidade ambiental. A onça-pintada não mia como a maioria dos felinos. Assim como o leão e o tigre, ela emite uma série de roncos muito fortes que são chamados de esturro.
- Ouriço-cacheiro (Sphiggurus villosus)
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É um mamífero solitário, de porte médio, podendo medir até 60 cm. A coloração de seu dorso é pardo-amarelo-escuro, apresentando grande número de espinhos que medem 04 cm de comprimento.
É um animal ativo, principalmente ao crepúsculo e durante a noite. Alimenta-se de insetos, caracóis e vegetais, constroem tocas para hibernar e terem as crias.
- Jiboia (Boa constrictor)
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Serpente de porte médio, possui cores que variam de creme a marrom ou cinza, com manchas escuras que auxiliam na camuflagem. Podem chegar a quatro metros de comprimento, e pesar até 40 quilos.
Tem hábitos terrestres e semi-arborícolas e geralmente são ativas à noite. Alimenta-se de roedores, lagartos e anfíbios, tendo uma digestão lenta que pode durar semanas. Mata suas presas por estrangulamento, envolvendo-as e apertando-as até sufocá-las. Podem viver aproximadamente 20 anos. É a segunda maior cobra do país, só perde pra sucuri, mas não é perigosa nem mesmo venenosa.
- Gavião-real (Harpia harpyja)
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É a maior ave de rapina do Brasil, sendo considerada a mais forte do planeta. Mede entre 90 e 105 centímetros de comprimento e apresenta uma envergadura de mais de 2m, apesar do tamanho é bastante ágil e difícil de ser vista.
Alimenta-se de animais grandes, como a preguiça, mutuns, macacos, tatus, cachorros-do-mato e cobras.
- Tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus)
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Sua cor geral é preta, com a garganta e peito de cor amarelo gema de ovo, possui bico negro. Pode medir cerca de 46 cm, tendo 12 cm de bico. Seus dedos são providos de unhas longas e curvas, as asas são curtas e a língua é comprida e fina.
Faz ninho em cavidades de árvores, a fêmea põe de 2 a 4 ovos e é alimentada pelo macho durante o período. Alimenta-se de frutos, insetos, ovos, anfíbios e morcegos. Bebe água armazenada no interior de bromélias.
Submissão de projetos de pesquisa
A Reserva está aberta para receber pesquisadores e parceiros que desenvolvem projetos com o objetivo de
promover o conhecimento científico e o engajamento da sociedade, despertando, por meio da educação
ambiental, a sensibilização e a multiplicação de atores para o fomento da sustentabilidade.
Para acessar online parte do acervo da Reserva Natural Vale, clique aqui.
Para submeter projetos e saber mais informações sobre pesquisas na Reserva Natural Vale, entre em contato
conosco.
Localização
Rodovia BR 101, KM 122
Linhares, Espírito Santo, Brasil
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