Dentro da estratégia de acelerar o uso de tecnologias que privilegiem
fontes renováveis, a Vale recebeu, no fim do mês passado, a sua segunda
locomotiva 100% elétrica, movida a bateria. Fabricada na China pela CRRC
Zhuzhou Locomotive (CRRC ZELC), o equipamento vai operar inicialmente no
pátio de manobra do Terminal de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). Suas
baterias, feitas de lítio, têm capacidade de armazenamento de 1000 kWh,
com autonomia para operar até 10 horas sem paradas para recarregamento.
Desembarque da locomotiva elétrica no Porto de Itaqui (MA) no fim
de abril. Crédito: Divulgação Vale.
A locomotiva da CRRC está dentro da estratégia da Vale de eletricificar
seus equipamentos de mina e ferrovia. As duas áreas respondem por 25%
das emissões diretas de carbono da empresa, o chamado escopo 1. Em 2019,
a Vale anunciou a meta de zerar suas emissões líquidas de escopos 1 e 2
(relativo ao consumo de energia elétrica) até 2050. Para isto, está
investindo entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões.
Atualmente, a frota da Vale soma 490 locomotivas, movidas a diesel,
dedicadas ao transporte de minério de ferro. A primeira máquina
totalmente elétrica da empresa, fabricada pela Progress Rail, foi
recebida, em julho de 2020, na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).
“Assim como aconteceu no Espírito Santo na Estrada de Ferro Vitória a
Minas, nossa estratégia é testá-la em manobras de pátio para depois
avaliar a possibilidade de readequá-la como parte da estratégia
posterior de utilização de locomotivas elétricas na linha principal da
ferrovia”, explica Gustavo Bastos, gerente-executivo do Centro de
Excelência, Tecnologia e Inovação de Ferrosos.
O gerente-executivo da EFC, João Silva Junior, ressalta que a locomotiva
elétrica soma-se à estratégia da ferrovia de investir em eficiência,
segurança e inovação, que visa reduzir suas emissões de carbono. O
executivo lembra que, no ano passado, a ferrovia obteve uma das melhores
avaliações ambientais entre seus pares, segundo a Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT).
“A chegada da locomotiva elétrica na EFC é um importante marco para a
nossa jornada de Carbono Zero da Vale. Estamos construindo um plano
robusto que nos permitirá uma redução drástica de emissões de CO2
oriundas das nossas operações ferroviárias. Cada vez mais, reafirmamos o
nosso compromisso para uma Vale mais sustentável”, afirma.
O novo equipamento seguirá para a oficina de locomotivas do terminal,
onde ficará por 90 dias para verificação e testes de sistemas. Está
previsto para julho o primeiro teste em pátio de manobra.
O equipamento está na oficina de locomotivas para verificação e
testes de sistemas antes de entrar em operação no pátio de manobras
do porto. Créditos: Divulgação Vale
Powershift
As duas locomotivas 100% elétricas fazem parte do Powershift, programa
criado pela Vale para atender ao desafio da empresa de zerar emissões de
carbono de escopos 1 e 2. Além de locomotivas, o programa também tem
realizado testes com equipamentos elétricos em minas subterrâneas no
Canadá – atualmente, há cerca de 40 em operação.
A estratégia de eletrificação de equipamentos de operações da Vale
inclui ainda uma parceria com seus pares BHP e Rio Tinto. No ano
passado, as três empresas, juntamente com mais 17 mineradoras, lançaram
o “Desafio Charge On”. Trata-se de uma chamada global de inovação
voltada a empreendedores capazes de desenvolver soluções de
eletrificação de grandes caminhões usados em minas.