Programa de Descaracterização de Barragens a Montante no Brasil
A prioridade da Vale é a segurança das pessoas e comunidades a jusante
de suas operações, assim como a segurança de todas as suas estruturas.
Nesse sentido, uma das principais iniciativas da companhia é o
Programa de Descaracterização de Barragens a Montante, que contempla
todas as nossas 30 barragens, diques e empilhamentos drenados com
método de alteamento a montante no Brasil.
Pelo método, o corpo da estrutura geotécnica é construído a partir dos
rejeitos espessos depositados no reservatório, por estratificação
sucessiva e na direção oposta ao fluxo de água (montante). Este é o
mesmo método de construção usado na barragem rompida em Brumadinho.
O que é descaracterização?
O termo ‘‘descaracterização’’ significa reintegrar funcionalmente a
estrutura e seus conteúdos ao meio ambiente, de modo que a estrutura
não sirva mais ao seu propósito principal de atuar como contenção de
rejeitos. A legislação brasileira exige que a descaracterização de
todas as barragens a montante ocorra em um cronograma específico, com
base em projetos acordados com as autoridades.
A descaracterização de uma estrutura a montante é um processo
complexo, com desafios específicos a cada estrutura que, se não
tratados, podem afetar as condições de estabilidade geotécnica e
elevar o risco das obras. Portanto, a descaracterização requer tempo,
cuidados intensivos com segurança e soluções customizadas. Os projetos
de descaracterização incluem estudos detalhados de engenharia para
cada estrutura incluída no programa, com obras de reforço quando
aplicável.
Para as barragens B3/B4, Forquilha III e Sul Superior, estruturas em
condições críticas de segurança, a Vale construiu estruturas de
contenção a jusante (ECJ) para reter rejeitos, em caso de ruptura de
estrutura, durante as obras e trabalhos de descaracterização. Em
complemento, a ECJ referente à Forquilha III foi projetada
considerando um cenário hipotético de rompimento simultâneo das
barragens Forquilha I, Forquilha II, Forquilha III e Forquilha IV. Os
projetos das ECJs estão sujeitos a revisão e a eventual aprovação das
autoridades competentes.
Para reduzir a exposição humana a riscos, a Vale tem conduzido as
obras de descaracterização das barragens B3/B4 e Sul Superior com
equipamentos controlados remotamente. Por fim, é importante ressaltar
que todas as barragens da empresa passam por inspeções rotineiras de
campo e são monitoradas permanentemente pelo Centro de Monitoramento
Geotécnico (CMG) da Vale, incluindo aquelas que fazem parte do
Programa de Descaracterização.
Evolução do programa
Dentre as 30 estruturas contempladas, 7 tiveram obras finalizadas até
2021. As barragens descaracterizadas e reintegradas ao meio ambiente
são:
A companhia espera concluir seu Programa de Descaracterização de
Barragens a Montante no Brasil até 2035, conforme cronograma sintético
abaixo.
Cronograma do Programa de Descaracterização de Barragens a Montante no
Brasil
1 Diques 2, 3 e 4, as obras de construção de ECJ têm início
previsto para em 2022 e conclusão em 2023.
2 Para a barragem Vargem Grande, obras de reforço foram
concluídas.
3 Para Sul Superior, as atividades
preparatórias foram iniciadas em 2020, enquanto as atividades de
descaracterização aguardam liberação para prosseguimento.
Eliminação de barragens a montante por ano (em unidade)
1 Estudos sobre as estruturas Dique 1A e Dique 1B levaram à
revisão da solução adotada, com avaliação de novas alternativas para
descaracterização. Dessa forma, o prazo previsto para término de obras
foi revisado de 2023 para 2024.
2 A barragem Grupo, em
nível 2 de emergência, necessita de estudos complementares sobre
impactos para início das atividades preliminares, além de cuidados
maiores na execução do plano de manutenção de instrumentos. Essas
condições levaram à postergação do prazo previsto para término da
descaracterização, de 2024 para 2025.
3 A previsão de
término da obra da estrutura ED Vale das Cobras foi revista, de 2025
para 2027, para a realização de sondagens adicionais, alongando o
prazo para a conclusão do projeto de engenharia. No caso da estrutura
ED Monjolo, a postergação de término de 2025 para 2026 deveu-se à
necessidade de verificações adicionais sobre informações presentes no
projeto As Is e de Descaracterização, para maior uniformidade nas
premissas.
A Vale ressalta que os prazos acima propostos são baseados nas
melhores informações e técnicas disponíveis no momento. Podem ser
ajustados a partir de fato ou condição relevante que se apresente,
em especial, relativos à segurança do processo de descaracterização.